Anestesia Moral
Na medicina, toda dor é sinal fisiológico de que algum órgão ou sistema não estejam funcionando em sua plena harmonia. Utiliza-se de anestésicos afim de amenizar tal desconforto, dessensibilizando. A dor, portanto, é potente sinalizador de algo a se fazer. Algo que precisa ser mudado. “A dor é uma arma crucial do organismo em sua defesa às ameaças mortais. Ela assinala a urgência de se empreender uma ação terapêutica antes que seja tarde demais para intervir” ( Bauman , p.20) Quando tratamos de questões emocionais, vivemos em uma atualidade cuja dor é suprimida a todo instante, custe o que custar. Nisso, estamos mascarando um problema harmônico interno que não tardará de se manifestar em uma “falência” emocional. Tal falência já vem ocorrendo pela relativização dos acontecimentos da vida e dos infortúnios que dela provêm. Bauman diz que “as desordens orgânicas consideradas mais assustadoras, porque difíceis de curar, são as doenças que não provocam dor no estágio inicial, quando a